domingo, 3 de fevereiro de 2013

Vídeo Momentum: A Catarse de Terrence Malick

Ouso dizer que não há filme mais significativo para mim do que A Árvore da Vida (2011), o curioso é pensar que deste filme não se tiram lições ou epifanias, não há moral nem glória para seus personagens, é apenas o que é e ainda assim, guarda em seu cerne as sensações, todas em uma, primitiva e complexa, sem consciência de si e incessante em pensamentos. Sempre que sento frente ao teclado para escrever algo sobre este filme, eu paro; não posso, não me atrevo a dar nomes ou conferir significados a estas sensações absurdas, então, talvez eu não deva o fazer. Permitindo que seja o que é, sem modificar seu propósito inicial.

Este é um filme que me assombra, pois eu vejo ali, de forma límpida e intocável, versões de minha mãe, versões de minha infância, versões distintas de todas e cada uma das coisas que nos conectam e que nos separam e que nos tornam diferentes e que nos fascinam, que nos fazem santos e exageradamente humanos; indo mais além de diálogos que questionam um Deus que não nos responde ou entendimentos sobre nossa existência, eu vejo sim, uma carta de amor de um filho a uma mãe e eles poderiam ser qualquer um, mas eu me atrelo a percepções e a catarse de que ali estaríamos nós, eu e ela, outra vez. 

Eu em seu colo feito criança abandonada em multidões, ouvindo com apego sua voz distante embalando-me em verdade, conforto e afeição. Obrigada, Terrence Malick, pois a cada vez que assisto vossa obra, eu alterno, transcendo, sinto-a um pouco mais próxima.